Dependências não Químicas

Quando entramos em um relacionamento, juramos de pé junto que não viveremos para aquela pessoa. Fazemos questão de avisar aos amigos que, continuem mandando os convites pra festas e baladas; ora, continuo o mesmo!

Até que o tempo passa.



Não se trata de imposições, ao contrário, escolhas que nosso coração faz.
Acredite ou não mas eu, NUNCA deixei de sair por conta de namorar! Sempre fui à festas com meus amigos, dormir na casa de amigas, ou até mesmo convidava meu namorado a se retirar da minha casa quando minhas amigas chegavam para conversar.
Você pode estar pensando “ Nossa, que menina mais auto-suficiente!” ou “ Nossa, que menina mais sem noção!” ; posso dizer que todas as afirmações se encaixam na minha situação. Infelizmente.

Traumatizada por um relacionamento de minha melhor amiga, o qual era extremamente abusivo e dependente, resolvi que nunca seria daquele jeito. E juro que tentei não chegar nessa fase… Mas é difícil.
Calma! Eu não vivo um relacionamento abusivo, mas sim, um relacionamento dependente.

Me vi em uma fase da vida onde não fazia nada além de sonhar, sem chances e expectativas de sair do lugar, eram apenas sonhos. E esses sonhos sequer eram meus, eu os desejava para a vida de todos, menos a minha. Isso se encaixa no meu relacionamento quando me vi sem estudar, sem um emprego, apenas cuidando da minha casa e mentindo para mim mesma que trabalhava muito com um canal no YouTube e um blog. Enquanto em pensamento maquinava formas de crescer e me tornar a superestrela que sempre quis, meu corpo não saía do lugar.
Se torna mais fácil quando a única coisa que devo fazer é desejar o bem ao próximo, orar para que algo dê certo, emanar boas energias.
“ Ok, mas pula pra parte onde você se tornou dependente do seu namorado pra respirar, ainda não entendi!”

Ficar sem um rumo específico na vida fez com que eu me isolasse o máximo possível. Não tinha amigos, mesmo que em algum momento aqui eu tenha dito que saía e me divertia, era só por cinco minutos.
Minha cabeça sempre estava em casa, pensando se ele sentia minha falta, se havia comido algo, ou se estava na rua com os amigos dele. Sendo a última opção a correta, me matava por dentro. Se eu isolei meus sentimentos em relação aos outros só pra ser toda dele, por qual motivo ele tem outros amigos? Como ele pode gostar de outras pessoas?

E com isso, tentei ir à festas e encontros dos amigos dele e falhei vergonhosamente como pessoa nesses momentos.
Digo pois, quem assiste meus vídeos ou convive comigo sabe que faço amizades fácil! Se tem alguém que consegue se enturmar numa rodinha, esse alguém sou eu.
Agora trabalhando como vendedora, conheço pessoas novas todos os dias, dou conselhos, converso, choro junto e tudo!
Como não consegui ser simpática com as amizades do meu companheiro? Isso é ridículo.
Pense em um ambiente super descontraído, comidas e bebidas, as pessoas te convidando pra se juntar a elas e você simplesmente sacode a cabeça que não. Não come, não bebe, só fica presa ao mundo dentro da tela do seu telefone e AI do seu namorado se sair do seu lado! Você está ali por ele, então ele tem que estar ali com você.
Ridículo na teoria e ridículo na prática.
Mas foi exatamente o que aconteceu!

Eu posso jurar de pés juntos que em nenhum momento foi minha intenção. Não consigo gostar das pessoas que o rodeiam pelo simples fato de achar em algum momento que serei trocada por elas. E também acontece com familiares, tá muito pertinho já acho estranho e tomo “ranço” eterno de tal pessoa.

São sentimentos que não consigo controlar dentro da minha cabeça, posso estar super feliz e interagindo e por um segundo vem a cara amarrada e a vontade de me enfiar dentro de um buraco.

Eu virei dependente do meu namorado.

Já fiquei trancada num quarto chorando por horas, pelo simples fato de que ele cancelou o rolê e pediu pra irmos no dia seguinte pois estava cansado. Cansado pra mim? Como assim? É, aconteceu.

O último ocorrido foi um dos piores, talvez as pessoas que assistem meus stories estejam se perguntando “o que essa menina ganha pra ficar chorando no Instagram?” mas fazer o quê, se é minha fuga da realidade?
Estava acontecendo uma festa julina na minha rua, várias comidas gostosas (o principal motivo por eu participar das festas) e meus vizinhos que gostando ou não, estavam reunidos para se divertir. Acontece que eu cheguei, olhei para todos os lados, fui até a mesa, comi um pouco do que tinha por lá e depois toda a graça se acabou. Não sabia onde chegar, com quem sentar, o que conversar com aquelas pessoas.
Eu não sabia interagir com aquelas pessoas que me viram crescer, que vejo todos os dias, que um dia foram muito chegados à mim.
E tudo pelo simples fato: meu namorado estava trabalhando e não poderia comparecer a festa.
Cheguei à festa às 20:30 h e acabou pra mim às 21:45 h quando entrei pra dormir. Chorei, me senti sozinha e fiquei tentando entender qual o motivo me fazia ser tão estúpida.
Sim, a dependência emocional, a segurança que só tenho ao lado dele, e aí?

Escrevo tudo isso com o mesmo sentimento de solidão, mais um dia sem ele em casa.
Devo faxinar, ouvir música, tentar parecer a pessoa mais alegre e feliz do mundo.
Mas não, por dentro meu coração está cheio de buraquinhos (sim, faço referência a Chiquititas e se reclamar, coloco Mentirinhas pra tocar automaticamente nesse post e torná-lo mais melancólico).

Acredito que o primeiro passo para tratar esse tipo de apego seja assumir o erro e nesse momento caiu minha ficha.
O segundo, procurar um profissional para conversar e encontrar a solução para esses problemas.
O terceiro, tentar viver nossa própria vida sem interferir na dos demais, dá uma diferença enorme no jeito em que encaramos o mundo!

Por hoje é só,
Obrigada por me ouvir.

Postar um comentário

Quero saber sua opinião !

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato